Por Pedro "Mafra" Duarte
Os jogos competitivos de League of Legends em Portugal estão repletos de momentos emocionantes, uns pela positiva e outros pela negativa. É difícil esquecer o Baron steal do Slayer de Leona, a luta pelo título entre FTW e os K1ck pré 2019, entre muitos outros. Apesar destes momentos memoráveis, todos gostam de uma boa história de underdogs, e, pessoalmente, não há fail flash, Pentakill, cannon minion falhado ou Nautilus pick em vez de Leona que me dê maior vontade de saltar da cadeira e chorar - seja de felicidade ou tristeza - que ver uma equipa de rookies derrotar outra repleta de jogadores conhecidos e experientes.
Existem vários fatores que permitem que haja um upset. Quem já jogou competitivo sabe o impacto que o nervosismo pode ter no jogo e é por isso que tantos jogadores parecem bons no matchmaking mas, na hora em que começam a jogar um jogo oficial, parecem o 5ynco a jogar de Ahri. Manter a cabeça fria é, então, essencial, pois talvez uma das melhores maneiras de derrotar um adversário mais forte é apanhá-lo em flagrante. No entanto, isto nem sempre acontece, porque se os jogadores de League of Legends fossem inteligentes estavam a estudar para os exames ou ocupados com o curso de Medicina. O teamwork é um dos elementos mais importantes para uma equipa, especialmente quando falamos de jogadores que possam ser considerados inferiores quando comparados a outros mais experientes. A sinergia é essencial, mas, no entanto, é algo que nem sempre é fácil de desenvolver para jogadores que tenham tanta experiência a jogar LoL competitivo como eu tenho a escrever um artigo.
A 3º melhor play do Spring Split 2018 viu o Slayer roubar um Baron de Leona.
É por isto que adoro ver o Renas e o Feedarias a jogar. Sinergia exige muito trabalho e um grande conhecimento de jogo, mas pickar Illaoi e carregar nos botões nem tanto. Com isto, não quero dizer que o Renas seja mau jogador por pickar um champion que quase nunca se vê, tanto no cenário competitivo como em Solo Queue - muito pelo contrário. Quando pickas Bard, Illaoi ou Blitzcrank, estás a dizer ao adversário que não interessa que estejam a jogar o champion da modinha - o champion que seja 100% picked ou banned, o champion com 150% winrate em Solo Queue acima de Challenger, que clica no Q e dá oneshot à família inteira e ao pai da tua namorada (que provavelmente não tens já que jogas LoL). Quando pickas esses champions, estás a pegar no jogo e estás, de certa forma, a assumi-lo: ou ganham por tua causa ou perdem porque te esqueceste de ligar os scripts e não acertas um grab. Ou então não fazes nada e és carregado pelas estrelas da tua equipa, mas vamos ser honestos, por mais que goste do BFC ou do Estoril, isso nem sempre acontece.
Quando um bom pick corre mal, ninguém fica espantado… acontece! Uma equipa é melhor do que outra e é o que se vê nesses jogos. Já quando pickas algo diferente - o “teu” champion - estão todos a olhar para ti, a ver o que consegues fazer, e é nestes casos que a confiança é importante. Para o jogador individual - especialmente em Portugal, onde é bastante importante estar numa boa equipa para ganhar visibilidade a nível internacional - é frequente vermos jogadores escondidos por detrás de champions meta, tentando ser o mais consistentes possível para não terem de ler os LUL’s e os Kekw’s no Twitch chat. É aqui que, na minha opinião, o Renas e o Feedarias mostram boa parte do seu valor: eles são carries, pickam o que querem e o que acham que precisam para ganhar o jogo em questão, e a equipa confia, porque sabe do que eles são capazes.
O jogador confiante é aquele que não tem medo de pegar no jogo, é aquele que não tem medo de arcar com as culpas caso haja uma derrota, é aquele que tenta, independentemente se poderá correr mal ou não, pois não tem nada a perder e, talvez o mais importante, é aquele que joga o seu jogo, pois nesse ninguém o consegue derrotar. Posso dizer, com confiança, que o jogo do Estoril contra a FTW foi dos melhores jogos que já vi, não pela sua qualidade, mas porque Esports é muito disto: Um grupo de miúdos, com um sonho, a jogar o seu jogo contra a melhor equipa nacional.
O Mafra é um jogador de League of Legends. Não é muito inteligente, porque se fosse estava a estudar para os exames ou ocupado com o curso de Medicina.