Esta quarta feira tem início a Iberian Cup 2019, com a fase de grupos que habitualmente inaugura a época de duelos pela glória ibérica. Tive o prazer de estar à conversa com alguns dos heróis que carregam a bandeira Portuguesa nesta competição sobre o que podemos esperar este ano, depois de em 2018 a prestação ter ficado aquém das expectativas.
A equipa da Hexagone é verde na competição e, quase que por consequência, outsider num grupo difícil onde encontramos também os Mad Lions (campeões em título da Iberian Cup), os Origen BCN (do ex-jogador dos K1CK Truklax) e os Penguins (cujo toplaner é o Aziado). Mesmo internamente, os últimos tempos não têm sido fáceis para a equipa e o Deadly salienta a necessidade de, mesmo em competições diferentes, “não esquecer as lições do passado” recente. Mas não quero descrever o desafio como uma montanha difícil de escalar, ou outra qualquer metáfora que levasse a imaginação para uma diferença grande entre a equipa da Hexagone e o resto do seu grupo, porque não estaria a transmitir bem o sentimento da minha conversa com eles: Primeiro porque esta Hexagone não tem a mesma pressão que o resto dos seus compatriotas; e depois, porque a esperança é verde e a última a morrer.
Para a For The Win a conversa é diferente, pois na memória recente ainda paira, na comunidade, a desilusão do último torneio internacional: A European Masters. Foi uma competição que fez sangrar a equipa, especialmente depois do que foi o esforço e a vontade que, de mãos dadas, estavam apostados em fazer melhor do que em edições anteriores. Mas o Owner diz que “o passado é isso mesmo, passado” e, fossem elas afrontas da Iberian Cup de 2018 ou feridas da European Masters em 2019, hoje são ecos de um tempo que já passou e não é mais o foco. A FTW é primeira seed portuguesa, campeã dos três splits da LPLOL deste ano, e a única história que lhe interessa são as crónicas de um reinado que começou no início de 2019 e ainda vai nos primeiros capítulos. Nesta Iberian Cup, Plasma e companhia vêm uma nova oportunidade de dar a essas crónicas mais um capítulo bonito, mas primeiro têm de passar por um grupo onde vão encontrar um velho conhecido: Rhuckz, support português dos Movistar Riders.
Nos EGN e nos K1CK eu encontrei duas equipas com um ano de ridentes ainda porvir e, ao mesmo tempo, com um discurso semelhante: o discurso sobre um rumo. Não me surpreendeu - no caso dos EGN - que assim fosse, fruto de uma das mais celebradas virtudes do seu capitão: uma voz forte e decisiva. Para o Mantorras o mote é dar perform, num palco onde, no passado, a equipa das abelhas foi uma das poucas que conseguiu angariar uma vitória para Portugal. Essa Iberian Cup em 2018 foi uma injuria, especialmente se, tal como o Mantorras, nos lembrarmos de outros tempos do nosso esplendor, onde as equipas portuguesas brilhavam na península Ibérica. Há orgulho no discurso dos EGN: confiança num esforço e métodos de trabalho que vêm como esfera armilar para qualquer equipa enfrentar as dificuldades e conquistar novos mundos. O capitão aponta o caminho e diz mesmo que “um bom resultado para mim seria ir à fase offline”. Já para a outra equipa amarela o rumo passa pela identidade. Os K1CK são uma equipa que passou por um ano com diversas versões, todas elas à procura de juntar aos quatro títulos de campeão nacional um quinto império que aparenta ter-lhes fugido em 2019. Hoje, falam da necessidade de encontrar a sua para vencer, com um plantel para esta Iberian Cup que conta com quatro membros que conhecem bem a realidade espanhola - Cboi, Baca e Joo, dentro do campo, e Pad a treinador, vindo dos x6tence – e garantem-me que “fora do top4, as equipas espanholas não são nada de especial”. Pela frente no grupo têm não só uma equipa do top4 espanhol como também uma velha glória dos próprios K1CK - Xico - e embora concedam o favoritismo teórico aos G2 Heretics garantem-me que não há medos: Medo nunca guiou ninguém à vitória.
Acho que é justo dizer que as equipas portuguesas têm um grande desafio pela frente – tanto os protagonistas de agora como as brumas da memória assim nos contam – mas nós somos, no fim de contas, uma nação valente de improváveis, sobre a terra, sobre o mar e, agora, sobre o Rift também. Contra os canhões, marchar, marchar!