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A Conversa (da) Final
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Ocorreu que, aquando da minha conversa com a equipa da For The Win e o seu staff, eles tinham acabado de concluir uma tarde de Scrims não muito positiva. Idealmente eu preferiria apanhar toda a gente eletrizada para uma boa entrevista, mas acabou por não fazer diferença. A For The Win tem esse mérito, ímpar em Portugal: recompõe-se rapidamente depois de um revés - e era apenas uma scrim. É das organizações mais antigas da LPLOL, e o seu maior favoritismo este ano – depois de vencer o primeiro split – é mais uma prova dessa habilidade, se pensarmos na grande final de 2018: final em que estiveram tão perto de serem campeões pela primeira vez. Comecei a conversa com a noção de que estava a entrevistar um grupo de pessoas que já conhecia há muito, mas sobre o qual sabia pouco.

Os jogos em que jogamos melhor foram contra os K1CK” - AFM

Conheci o Xaky pela primeira vez na Comic Con em 2015. Tirou-me de uma final que, a meu ver e em retrospetiva, eu merecia. Aquele evento da final foi difícil de jogar: Uma gauntlet injusta e dura, com jogos uns a seguir aos outros e quase sem pausas – e o Xaky jogou sete naquele dia. Um esforço admirável, mas sem o prémio que queria: Perdeu para os K1CK. Começou pelo Xaky nessa final, mas ainda marca hoje todos os membros da equipa: a memória de passar pelo inferno de perder para finais os K1CK, sempre esses. Mas a dor de perder forja os espíritos dos mais fortes. Sempre. E esta For The Win conseguiu reerguer-se todas as vezes e está agora munida de um espírito imbatível. 

Apesar disto, garantem-me que não houve particular preocupação com nenhuma equipa. O mais importante é a dedicação constante e o Crusher afirma que “Somos a equipa que mais trabalha”. No fim, independentemente de quem deu mais ou menos luta, uma coisa é certa: A FTW chegou ao fim com um score de 20-1 - números incríveis num split com mais jogos do que o normal. Perguntei qual era o segredo e o Xaky diz-me que é “jogar bem” – uma resposta simples para uma equipa que encantou muito pela sua complexidade. É difícil interpretar esta FTW, logo à partida por aquilo que é a sua capacidade de transformação no champion select. Mas não posso deixar de pensar que, para quem desfruta de um ambiente com tamanha sintonia, deve de facto ser simples. A FTW emana confiança, mas uma confiança diferente do normal: Ninguém me falou de vitórias fáceis na fase regular ou “manifesto destino” para a final.  Ao invés a confiança que sinto é uma confiança interna, de fé na magia uns dos outros.

Ainda nem chegamos lá (EUM), não vamos meter a carroça à frente dos bois” – AFM

Quando a conversa se voltou para a European Masters o Frozen anunciou “Vamos ganhar a EUM” e eu ri-me. Eu entendi a afirmação como um statement feito de propósito para acabar destacado neste artigo (evidentemente com sucesso) e, provavelmente, até era. Mas ao pensar no que escrever sobre a FTW confesso que já ouvi afirmações mais alucinadas. A European Masters passada foi mais uma noite com um sonho que acabou por ficar distante, para um grupo que sabe bem o que é acordar sem nada. Mas também sabe levantar-se depois: Melhor e mais harmonioso, como o Bennu no Egipto antigo, mais majestoso a cada novo Sol, a raiar nas primeiras horas da manhã. É a imortalidade de um espírito, criado por contrariedades e esforço perdido, que fica mais forte a cada novo ciclo. E esta FTW é forte, muito forte – tal como o Bennu – e é uma sorte poder vê-la a jogar: Não só porque o Bennu era raro, mas também porque era bonito.

 


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