João “JotaC” Conde é um top laner já conhecido na scene portuguesa, que conseguiu mobilizar muitos fãs de LoL na sua causa para voltar ao mundo competitivo após um ban. A sua luta foi notória e no 2º Split da LPLOL 2016, não só jogou pelos Twitch StreakNation, como foi convidado especial na Grande Final da LPLOL 2016, na Comic Con. Trata-se de um jogador experiente, que está inserido em ambiente competitivo desde a Season 4 e aproveitámos para conversar um pouco sobre a evolução das equipas desde o início da LPLOL, bem como sobre as suas experiências como jogador e analista.
Entraste pela primeira vez na LPLOL em 2015, quase no final do 1º Split, para os Why eSports. Qual maior diferença a nível competitivo que notaste entre as equipas de 2015 e 2016?
Em primeiro lugar, nota-se decerto uma evolução entre as equipas de 2015 e de 2016, principalmente porque a scene começa a ficar mais competitiva tanto a nível individual, como em equipa. Começa-se a treinar mais quer a solo, quer em equipa. Isto aumenta o nível de jogo das equipas, porque quando uma começa a treinar o dobro, a outra começa a treinar o triplo, evoluindo assim a scene. Grande parte da razão é também atribuída a clubes como a FTW, sendo o clube que na minha opinião sempre mais fez pelo League of Legends em Portugal e não se fosse a aposta neste jogo não teríamos tantas equipas nem jogadores no competitivo. Basicamente, há a noção de que temos de treinar mais que o outro para sermos melhores, e todos estes ideais e outros são nos fomentados no clube, que se assim não fosse não haveria evolução.
No intervalo não competitivo entre a edição de 2015 e a de 2016 da LPLOL viste a tua conta a ser banida pela Riot e de acordo com o regulamento da altura foste impedido de participar permanentemente na Liga. Como reagiste na altura e o que decidiste fazer, uma vez que estavas impedido de competir na LPLOL?
Eu já na altura disse que concordava com o ban e que o facto de eu ser punido era justo, no entanto acho que não fazia sentido ter sido banido permanentemente da competição, visto que, por exemplo jogadores da LCS como o Incarnati0n, que também eram tóxicos, viram o seu ban ser levantado. Quanto aos meus esforços, tive de fazer a LPLOL perceber que o ban permanente não era justo e consegui. Eles acabaram por mudar e criar então a regra de que um jogador seria banido no Split em que estava a jogar e acho que assim faz mais sentido. Obviamente, dependendo da reincidência ou não do ban e da sua gravidade. Na altura foi um grande choque, porque perdi uma conta em que já jogava há muito tempo e já tinha tudo. E ainda IPs de sobra... e, claro, perdi a oportunidade de competir no Split.
No tempo que estiveste impedido de jogar competitivamente não abandonaste a scene portuguesa e adquiriste experiência como analista. Isso modificou a tua forma de jogar?
Diria que sim, um pouco, porque observei mais de perto e melhor os jogadores. Eram jogadores que já observava e admirava, mas nessa altura via-os com um olhar mais analítico, porque era o que estava a tentar transmitir ao público, o que acabou por me ajudar. No entanto, não acho que tenha sido uma diferença significativa, acho que continuo a jogar como sempre joguei, ao mesmo nível, mas se calhar este ano fará mais diferença, porque os melhores jogadores estão a sair da scene portuguesa.
Nunca desististe de voltar à LPLOL fazendo até uma petição online para que a LPLOL te permitisse voltar a jogar e a 31 agosto 2016 saiu a notícia de que a sanção sobre ti tinha terminado. Como te sentiste ao ler o comunicado?
Na altura senti-me bastante contente! Finalmente após tanto trabalho para conseguir levantar o ban acabei por conseguir, por isso senti-me realizado. E não só, mas porque acho que foi justo. Eu tento ser sempre o mais justo possível e, como disse, eu concordava com o meu ban só não aceitava o facto de ser permanente. Penso que a regra de punição durante o Split é como deve ser feito, sendo que a mesma deve ser aplicada a todos os jogadores, sem exceção.
Sabias que mal acabasse o período de sanção terias lugar numa equipa?
Vou tentar ser humilde [risos]. Enquanto top laner em Portugal, é bastante fácil arranjar equipa, na minha opinião. Em primeiro lugar, acho que há poucos top laners no League em si e depois em Portugal somos uma comunidade pequena, por isso ainda menos há, principalmente a um nível elevado, que é o que as equipas procuram. Pensando assim, tinha quase a certeza que arranjava uma equipa, agora de que calibre ainda não sabia.
No 2º Split voltaste como top laner dos Twitch StreakNation. Como foi voltares à LPLOL? Tiveste algum período de adaptação ou sentias-te em forma, uma vez que continuaste ativo através da E-University League (Liga Universitária de LoL)?
Eu senti-me praticamente como se nunca tivesse deixado. Continuei a ir Solo Queue e a participar em eventos, como a EUL. Os Twitch foram uma equipa fantástica, foi um bom regresso e os quatro jogadores eram muito talentosos. Penso que a minha ida para os Twitch foi vantajosa para os 5. Encontrei bons colegas neles e tirando uma ou outra série que acho que podíamos ter feito melhor e se calhar ter ido aos Playoffs, mas tivemos um bom Split, tendo em conta também que era a primeira vez deles na LPLOL. Como era um jogador já com experiência pude dar-lhes alguma tranquilidade e acalmá-los. Ainda me lembro da primeira jornada e de como eles estavam bastante nervosos. Até fiquei espantado na altura, porque não me lembro de estar assim no meu primeiro jogo na LPLOL, decerto estive, mas já não me lembrava e aquela situação e vê-los assim fez-me perceber o quão importante eu era para o crescimento deles, enquanto jogador com mais experiência.
Recentemente tiveste outra experiência como analista convidado na Grande Final da LPLOL 2016, na Comic Con. Ponderas um papel diferente do de jogador, como aconteceu com o BombNuker e o Crusher?
No momento em que achar que deixei de ter qualidade para participar na LPLOL ou deixar de ter tempo, porque o meu tempo começa a apertar-se, é uma hipótese a considerar sim.
Este ano a Moche LPLOL traz muitas mudanças, entre elas o apoio oficial da Riot, a existência de uma Segunda Divisão e a permissão da inscrição de jogadores estrangeiros. O que achas que isto vai provocar na competição nacional?
Quanto à regra dos jogadores estrangeiros, na minha opinião, do ponto de vista de jogador, não gosto, porque acho que há muito talento nacional que tem de ser aproveitado e se calhar é mais fácil uma equipa dizer: “Ah, vou buscar X, Y ou Z, que são melhores, do que ir buscar outro jogador português, que tem talento, mas que precisa de ser aproveitado.” Portanto, como jogador nacional não estou muito contente, mas do ponto de vista de espectador e de quem gosta de LoL e de competir, acho que é bom, porque fomentam-se mais jogadores. Se alguém vai buscar um jogador lá fora, motiva-me para treinar mais e ser melhor que esse jogador. Desse ponto de vista essa regra é bastante boa.
Quanto à existência da Segunda Divisão, a ideia e o conceito são bons, mas vai depender muito da comunidade e da vontade dos jogadores em Portugal. A ideia não é nova e a sugestão já tinha sido feita anteriormente pela FTW, aquando do lançamento da LPLOL. Tecnicamente, eu posso criar as divisões que quiser e existirão sempre equipas, contudo o nível de jogo irá diminuir e também é preciso que essas equipas queiram participar. Para que a ideia de uma Segunda Divisão funcione vai ter de entrar novo pessoal em cena e acho que há jogadores para isso, têm é de se mexer, de querer jogar, de entrar e não ter medo.
O nome da Riot e o seu apoio oficial atraem sempre mais. É diferente eu estar a jogar numa liga que a Riot apoia, do que numa liga que não tem qualquer relação com a Riot.
Achas que estas mudanças trarão também repercussões a nível internacional?
Só o tempo dirá. É um bocado difícil, porque em Portugal, apesar de as coisas serem bem feitas e feitas com vontade, somos um país pequeno e temos uma fan base pequena, até quando comparados com o nosso país vizinho, por exemplo. Não estou a falar de Espanha ser muito maior que Portugal, mas sim da percentagem de espectadores, por cada edição a que eu assisto não vejo grandes diferenças. Quando integrei a FTW senti uma maior “fan base” no apoio à equipa e isto é essencial para nós jogadores, mas a atração a este tipo de eventos/ligas não pode apenas partir dos clubes. O tempo dirá.
Para terminar peço-te uma perspetiva em relação ao futuro dos TSN, uma vez que o início da época competitiva se aproxima. Os TSN conseguiram escapar ao Relegations por resultado de confronto direto, mantendo-se na Moche LPLOL. Que tipo de mudanças irão fazer para aumentarem a fasquia do vosso jogo? Vão trazer-nos surpresas para esta edição?
Foi com muita dedicação e esforço que conseguimos esse objetivo, porém com as alterações de regras e restrições que a LPLOL impõe temos de fazer uma ginástica por vezes desumana e que entra em prejuízo das equipas, mas soluções serão encontradas. Apenas posso assegurar que de facto vamos trazer surpresas, acho que esse é o ponto mais fulcral. TSN ou não, cada um dos jogadores do último Split está mais motivado e vai tentar dar o melhor de si, elevar os eSports em Portugal e representar ao mais alto nível o clube que nos acolheu, apoia e motiva diariamente, e apesar de não aparecermos com esse nome, muito obrigado For The Win Esports Club.
Despedimo-nos assim do JotaC com a promessa de uma fasquia mais elevada este ano na Moche LPLOL e com a certeza de um espetáculo maior e melhor no Summoner’s Rift.
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