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AFM e o inevitável
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A carreira do AFM em Portugal sempre despertou interesse generalizado da comunidade, mesmo no início, quando foi rapidamente baptizado de “jovem promessa”. Parte de mim questiona se o baptismo foi justo ou se foi prejudicial: Não seria o primeiro a, lá no fundo, deixar-se levar, a cada jogo, pelo peso das expectativas. É mais fácil ser-se underdog e só ter a ganhar num contexto onde qualquer coisinha te faz perder. E, para o AFM, o baptismo não trouxe sempre muitas vitórias, mas sim memes, pois ficava a sensação de que faltava sempre qualquer coisa e a promessa continuava a ser só isso – uma promessa. O poro voltava triste para a mochila em mais um dia onde os ventos não estavam a favor da jovem promessa e o peso das expectativas vencia.  


AFM e o seu Poro nos Playoffs do 2º Split da LPLOL em 2016, onde perderia para os K1CK na final.

Hoje em dia o poro celebra, não só porque ganha, mas principalmente porque não falta nada ao AFM. É um exemplo de como, frequentemente, o destino tende a ser irónico: Alguém a quem parecia que faltava sempre qualquer coisa – seja em gameplay ou circunstâncias – hoje é, provavelmente, o jogador mais completo da WGR LPLOL, numa scene onde adaptabilidade não é uma palavra associada a muitos jogadores. Se longe vão os dias onde impressionava pela proeza mecânica em tenra idade, também longe vão os dias onde era considerado apenas um mage player na botlane.

O AFM joga, seja qual for o role que tiver de desempenhar em determinado jogo, com um twist brilhante: Ele vai sempre ser bom, em qualquer das circunstâncias. Joga a laning phase com uma mestria ímpar, mesmo quando a competição é internacional, mas, curiosamente, onde mais brilhou neste Split foi a jogar late game, num famoso jogo contra o seu adversário na final de Domingo. É prova da sua qualidade enquanto jogador e, a meu ver, é especialmente prova da sua inteligência a jogar. Se, porventura, antes carregava nos ombros o peso das expectativas, hoje enverga ao peito as medalhas da experiência, num tempo de novas promessas sem o tempo que a promessa teve para vingar.


A equipa da FTW nas meias finais da Iberian Cup de 2019. PHOTO LVP

A juntar a isto, temos a característica mais famosa da iteração actual do AFM: A flexibilidade de picks. O AFM consegue ser um cheese player impossível de banir, com elevada probabilidade de marcar um jogo logo no draft, mas vai para além disto. Jogar mages no bot até é algo relativamente normal hoje em dia, mas a quantidade e a qualidade que ele coloca à disposição da equipa são verdadeiramente raras e, mesmo individualmente, são muitas vezes capazes de diluir eventuais problemas que possa ter. É, para mim, o protótipo perfeito do jogador moderno, especialmente no nosso país e uma promessa que já não é jovem, mas sim inevitável.


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