Eis uns detalhes engraçados sobre a história da Hexagone na LPLOL. Em março de 2017 a Hexagone joga pela primeira vez os Relegations – seria a estreia da organização em competições da LPLOL, no mesmo Split em que se estreava a 2ª Divisão. Os Relegations qualificavam 2 equipas para a 1ª Divisão - o resto das equipas para a 2ª - e a equipa da Hexagone ficou-se por esta última depois de derrotas contra os Why Esports e os Exotic (que na altura traziam para a scene um novo support, um tal de Plasma Lemon).
Depois de jogar a 2ª Divisão – terminou em 1º Lugar no 1º Split de 2017 – a Hexagone viria a conseguir a qualificação para a 1ª Divisão em 2018, curiosamente à custa dos Why Esports e da União de Leiria, que desistiram de participar nos Relegations. Conclusão: Por uma questão de detalhes, a Hexagone subiu à 1ª Divisão com 0 vitórias nos Relegations. No mínimo anti climático, de facto, mas, há um provérbio alemão que vemos frequentemente traduzido para Inglês que diz que o “Diabo mora nos detalhes”.
Eu comecei com esta história porque tenho o feeling de que haverá muita gente que não se lembra. Mas também por aquilo que foi sendo o paradigma das expectativas que, quem vê de fora, vai tendo em relação aos Hexagone, e aquilo que essas expectativas são na prática. Os Hexagone passaram muito tempo na sombra da discussão do TOP4 na LPLOL e este Split a coisa mudou de figura. No Split passado elogiamos os Hexagone pela vitória contra os K1CK (os K1CK até à data só tinham empatado ou vencido nas fases regulares da LPLOL) e por quase terem conseguido chegar aos Playoffs. Para a equipa, no entanto, “Foi uma desilusão não termos ido a Playoffs”. Um ponto interessante, mas não necessariamente surpreendente. Para ficar surpreendido eu teria de esperar mais um pouco, até falarmos dos Grow uP.
“O jogo dos uP foi a maior wake-up call” – Mistyy, Assistant Coach da equipa
Este já me intrigou mais. Nos meus olhos este jogo para a Hexagone tinha sido a sua derrota mais irrelevante. Mas a equipa insistia na importância deste jogo: Um pequeno desleixo com um detalhe de preparação antes do jogo havia custado à equipa uma derrota por default contra o último classificado da liga - Não contra um adversário directo, mas contra uma equipa que teoricamente lutava por não descer. Parte do esforço da equipa passa por nunca ser vítima de nenhum pormenor – por muito pouco importante que seja. E a derrota contra os uP havia sido um fracasso nesse sentido.
“Contra os GeekCase o mau Draft custou-nos o jogo”
O jogo contra os GeekCase trouxe um Diabo já bem conhecido: o dos Drafts. Passamos metade do tempo a discutir a importância do Draft e toda a equipa parecia acompanhar a paixão do Deadly – Headcoach da equipa - por levar o Draft ao pormenor. Dão-me como exemplo uma nova vitória contra os campeões nacionais este split, pois aquele Draft “foi construído exclusivamente para o jogo contra os K1CK”. Inteiramente nos detalhes. Foi interessante perceber que, para eles, grande parte do seu sucesso e insucesso vinha de conseguir interpretar melhor o jogo que ainda iam fazer. O Hivito descreve que hoje em dia “Draftar é muito mais complexo graças aos G2” e a equipa precisou de tempo para se adaptar e tirar proveito da complexidade.
No fim da conversa acabamos por voltar um pouco ao início: a questão dos Playoffs. O Nuokii diz-me que “As pessoas não esperam mais de nós” e, de uma maneira geral, acho que isso acaba por ser verdade. A equipa é a novidade nesta Gauntlet do Summer Split: Nunca nenhum destes jogadores jogou uns Playoffs cá em Portugal e, portanto, são naturalmente muito mais inocentes e inexperientes quando comparados com o resto das equipas que vão enfrentar - uns Anjinhos no meio de veteranos. Mas não posso deixar de pensar que devem até preferir assim. Acho que a maior parte do nosso mundo olha para eles mais como um detalhe destes Playoffs e, provavelmente, eles agradecem. E o Diabo, antes, também foi um Anjinho.