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Meet The Coaches: Silver, Fintinhas, Crusher e Yahiko - Parte 1
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Sempre pensaste qual seria o papel de um treinador numa equipa? Gostavas de saber o que eles dizem aos jogadores momentos antes de uma competição? Já pensaste em apostar neste ramo? Aqui está a tua oportunidade para conheceres mais do mesmo! Convidámos 4 treinadores das equipas do 1º Split da Moche LPLOL, mais precisamente o Crusher, o SilverGhunzul, o Yahiko e o Fintinhas para esta primeira edição de “Meet The Coaches”, de forma a conhecermos mais sobre os mesmos, como também sobre as suas filosofias de treino e objetivos para o futuro. No decorrer desta entrevista, dividida em duas partes, poderás conhecer as suas opiniões face a assuntos em comum e assim comparar o que os difere tanto uns dos outros, como também o quanto influenciam as equipas por onde passam.

Olá a todos! Podem fazer uma breve apresentação para os nossos leitores por favor?
SilverGhunzul: Boas, eu sou o Ricardo “SilverGhunzul” Chaves, tenho 25 anos e sou o treinador da For The Win OMEN. No passado fui jogador e inclusivamente joguei na 1ª edição da LPLOL, em 2015.
Fintinhas: Olá! Sou o António Lisboa, tenho 25 anos, sou de Matosinhos, era treinador dos Why e-Sports e considero-me deveras preguiçoso.
Crusher: Olá o meu nome é Gonçalo Brandão mais conhecido como Crusher, tenho 24 anos, sou de Paredes e de momento estudo Engenharia Informática no ISEP. Sou o treinador dos Doxa Gaming.
Yahiko: Olá, sou o Vitor Moreira, tenho 20 anos, sou do Porto e neste momento estou a acabar o 12º ano e também trabalho. No último Split treinei a equipa dos Exotic.

Qual é para vocês o papel de um treinador?
SilverGhunzul: Liderar uma equipa, tomar decisões (algumas menos importantes e outras vitais para a mesma), como escolher os jogadores, implementar estratégias, marcar treinos, fazer o champion select, etc. Também é importante ajudar os jogadores individualmente, pois toda a gente tem falhas e alguns jogadores ou precisam de mais confiança, ou precisam de ter os pés mais assentes no chão. Cada um precisa de ter um tratamento especial e cabe ao treinador perceber e entender essas mesmas falhas para o poder ajudar.
Fintinhas: Manter os marujos na linha quando vêm as tempestades.
Crusher: Acho que o principal papel de um treinador é colocar 5 jogadores a funcionarem como uma equipa e com os mesmos objetivos. O que parece simples de dizer, mas é bem mais difícil de fazer.
Yahiko: O papel de um treinador nem sempre é o que muita gente espera. Um treinador não ajuda só a planear drafts, mas também ajuda imenso psicologicamente.

Quanto tempo despendem do vosso dia-a-dia para o mesmo?
SilverGhunzul: Diria 3 a 4 horas.
Fintinhas: Muito pouco, nunca navego para tempestades [risos].
Crusher: Não consigo dizer ao certo, visto que a quantidade de tempo pode variar, mas despendo a maior parte do tempo em que não estou a fazer coisas relacionadas com faculdade ou família.
Yahiko: Como trabalho acho que às vezes não consigo apoiar a equipa devidamente, mas mesmo assim tento ao máximo dedicar 3 ou 4 horas à equipa.

Como encaram a evolução do papel de um treinador em Portugal até hoje? O que esperam para o futuro?
SilverGhunzul: Há pessoas em Portugal que se denominam de treinadores, mas de treinador não têm nada! Eu tenho a sorte de estar numa organização como a For The Win, onde tenho o total apoio e confiança do nosso Presidente Ramiro Teodósio. Que eu tenha conhecimento, fui o único treinador que no Split anterior pôde escolher a equipa que levou para as competições. Se calhar a outra exceção é o Fintinhas dos Why, mas desconheço pormenores.
Isto parece-me algo básico nas funções de um treinador, mas ainda estamos num ecossistema demasiado amador, onde os jogadores têm mais poder e mais influência do que o próprio treinador, isto é alguns em Portugal nem podem mexer no “champion select” e algumas das vezes a culpa nem é deles, mas sim dos jogadores e das organizações que não dão o apoio devido aos treinadores e ao staff, como p que existe na FTW por exemplo. No futuro espero ver mais treinadores a terem a influência que devem ter nas equipas e que neste momento não têm.
Fintinhas: Tem havido mais pessoal a ficar envolvido na parte de staff, não só como treinadores, e penso que isso acaba por reforçar estruturas e métodos de trabalho. Hoje em dia, penso que são papéis que as pessoas veem com muito mais valor do que viam quando eu comecei. Penso que o futuro é bastante simples: os treinadores e as estruturas técnicas vão acompanhar lado a lado a evolução do papel dos jogadores.
Crusher: Acho que já evoluiu bastante, enquanto jogador tive um dos primeiros treinadores em Portugal, o Krons quando ele estava a começar, e lembro-me perfeitamente que na altura o pensamento dos jogadores era: “Em que é que um gold nos vai ajudar a melhorar no que quer que seja.” No entanto, hoje em dia já se dá uma importância bastante maior aos treinadores e os próprios jogadores procuram ter alguém nessa posição.
Yahiko: Devido à evolução do papel dos treinadores em Portugal, acredito que cada vez mais se chega à conclusão que para uma equipa ter sucesso, há que ter alguém a orientá-la. Todas as equipas que pretendem ter uma evolução, precisam de alguém que note os seus erros. Penso que aparecerão muito mais treinadores no futuro.

Qual é a vossa metodologia de treino para com as vossas equipas?
SilverGhunzul: Como já disse em outras entrevistas, não tenho nenhum segredo. Diria que a minha metodologia é: trabalhar ao máximo, prepara-los ao máximo, de uma forma produtiva e sempre com o objetivo de ganhar.
Fintinhas: Espalhar fé, queimar traitors, ocasionalmente fortalecer o espírito com um pouco de coragem líquida.
Crusher: Não tenho propriamente uma metodologia definida, tento passar-lhes valores que acho que são importantes para se ser bem-sucedido em equipa e tento resolver os problemas que vão aparecendo;
Yahiko: Normalmente, tento focar os meus treinos de forma a habituar os meus jogadores à meta, treinando alguns champions ou até mesmo algumas comps. Foco-me também em realçar os erros para que posteriormente os corrijam, mas como disse anteriormente torna-se difícil, porque estou poucas vezes com a equipa.

Qual é o tipo de personalidade que têm para com os vossos jogadores? São treinadores distantes e autoritários, que se focam apenas no principal, ganhar? Ou são daqueles que se for preciso apoia-los nas suas vidas pessoais estão sempre lá para isso?
SilverGhunzul: Considero-me ambos. Quando é para brincar é para brincar; quando é para trabalhar é para trabalhar. Acredito que é bastante importante haver esta dinâmica de uma certa perspetiva, já que é também da minha responsabilidade fazer com que os jogadores se sintam em casa e ao mesmo tempo que cumpram com o que lhes é pedido, e nesses casos tenho de ser mais distante e autoritário.
Fintinhas: Sou um treinador distante e pouco autoritário. Gosto de passar tempo com os meus jogadores a ver séries na net.
Crusher: Sou um treinador próximo dos jogadores e estou aqui para os ajudar quer dentro quer fora do jogo, o que não significa que não seja autoritário. Há um tempo e um espaço quer para brincadeira, quer para se levarem as coisas a sério.
Yahiko: Essa pergunta tem piada, mas sem dúvida que sou um treinador que se tenta dar bem ao máximo com os jogadores. Penso que às vezes perco um bocado por não ser autoritário, mas é a minha forma de ser. No que toca à vida pessoal, se um jogador meu tiver problemas sabe perfeitamente que pode desabafar comigo.

Como se descreveriam, enquanto treinadores, em apenas uma palavra? Porquê essa escolha?
SilverGhunzul: Diferente. Tive vários treinadores ao longo da minha carreira de jogador, sendo que o primeiro foi o Fintinhas nos Why eSports, mais tarde nos EGN Soulset, tive como treinador o Shakarez, o Archarom, o Bombnuker e o Varzoc. Aprendi várias coisas com todos eles, quer com as coisas boas, quer com os seus erros. De uma certeza perspetiva, tento ser o coach que gostava de ter tido nos meus tempos de jogador;
Fintinhas: Captain. É do chapéu.
Crusher: Ditador. Na minha experiência os jogadores não se costumam enganar muito na maneira como caracterizam os treinadores [ahah].
Yahiko: Curioso. Estou sempre a tentar descobrir novas táticas e a tentar que os meus jogadores as utilizem de forma eficaz. Às vezes até me torno um pouco chato ao tentar impingir-lhes champions.

Como nem tudo se rege às qualidades, na vossa opinião quais são os vossos maiores defeitos, que por vezes vos servem de barreira para que não consigam alcançar o que pretendem?
SilverGhunzul: Sou um bocado teimoso. Em algumas situações, só quando tenho provas irrefutáveis à minha frente é que mudo de opinião, mas não acho que isso me tenha impossibilitado de alcançar o que quer que seja no mundo dos eSports. Provavelmente, isso teve um maior efeito na minha carreira de jogador do que na de treinador.
Fintinhas: Estou rodeado de traitors.
Crusher: Ter uma vontade demasiado grande de ganhar, que faz com que algumas vezes não gira as situações da maneira mais apropriada.
Yahiko: Para mim, os meus maiores defeitos são a falta de tempo e a falta de assertividade.

Como abordavam os erros na equipa que treinavam no 1º Split?
SilverGhunzul: Há erros que têm que ser corrigidos, as chamadas coisas básicas, como comprar items no início do jogo, build paths, problemas de comunicação básicos, etc. Contudo, de uma forma geral, na minha opinião não é produtivo estar a corrigir erros um a um. Temos tempo limitado e tentamos evoluir com a prática, num jogo de 40 minutos e existem muitos, muitos erros e nem a melhor equipa do mundo é perfeita. Portanto, a minha filosofia consiste em: aproveitarmos o tempo de scrims o máximo possível, desenvolvermos estratégias e tentar executá-las o melhor que podemos para chegar aos jogos oficiais e ganhar.
Fintinhas: Com paciência. Era uma equipa jovem com um escalão de evolução próprio, onde penso que era mais importante introduzir conceitos essenciais ao competitivo, do que encher a cabeça dos garotos com palermices de táticas. Se um jogador quer mesmo esta vida primeiro tem de ser forte de espírito.
Crusher: Os erros são uma coisa completamente normal que acontece em todos os jogos de todas as competições, independentemente do nível de jogo. Mais importante que os erros é perceber o porquê de estes acontecerem, e grande parte das vezes estes estão ligados com conceitos fundamentais do jogo, que esses sim são importantes, e não é uma questão de corrigir, mas sim de ter todos os elementos da equipa a ver o jogo de uma maneira semelhante.
Yahiko: Os erros surgiram pela falta de treino que a equipa tinha e também por causa de imprevistos à mistura. Culpo-me também por alguns drafts duvidosos, que de certo não foram os mais acertados.

[continua amanhã]


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